segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Pois então, apareci


Fiz minha cirurgia no nariz e deu tudo certo. Fiz septoplastia (correção do desvio do septo nasal), turbinectomia (redução do volume das conchas nasais, que eram hipertrofiadas) e um negócio que esqueci o nome no esfenoide.
Tiraram duas carnes do tamanho de um dedo de cada narina minha. O médico procurou por fungos no meu esfenoide, mas não achou. Ele achou que os fungos fossem responsáveis pela esfenoidite que causa minha dor de cabeça perene, mas pelo visto nem por lá passaram. Tirou então uns pedaços pra mandar pro laboratório analisar. Até hoje não busquei.
Minha mãe veio cuidar de mim no pós-operatório. Fiquei ótima até o dia em que ela foi embora. No dia seguinte, tive febre. Pareço criança que mama no peito.
Fiquei na maior expectativa com a anestesia geral. Expectativa de morrer, é claro, já que a gente só descobre que anestesia não mata depois que volta. Se eu for fazer outra cirurgia, ficarei mais tranquila. Logo antes da cirurgia, minha pressão subiu muito. De medo. Minha pressão normalmente é baixa e foi a 15x9. O anestesista tentava me acalmar enquanto enfiava aquela agulha grossíssima na minha mão. Esforço vetorialmente nulo. Uma hora ele falou:
_Vou contar uma piada. Era uma vez um homem...
Aí eu acordei três horas depois, com o nariz já operado.
Sensação total de perdi-o-melhor-da-festa.
Acordei como se a cirurgia tivesse sido feita enquanto eu piscava. Nada da delícia da anestesia que alguns me prometeram. Também me prometeram que eu não conseguiria falar e teria dor, hemorragia, inchaço e tudo de ruim. Mentira pura. Não tive nada, saí do bloco cirúrgico falando, recebi mil visitas, saí todos os dias pra almoçar e alguns pra comprar. Inacreditável como agora consigo tomar um suco de canudinho sem abrir a boca uma única vez! Fiquei tão bem, mas tão bem, que o fdp do medico reduziu minha licença de 15 pra 10 dias. Quando ele falou, queria fazer beicinho e dizer chorando:
_Mas você prometeu!
Voltei enfim ao trabalho. Odiei, queria ficar de licença até o ano que vem.
Trabalhei no Natal (deveria, mas matei cara-de-pau-mente) e no réveillon trabalharei até o meio-dia. Saudade da UFMG, que faz rodízio do povo nessas duas semanas e não funciona nos dias 24 e 31 até hora nenhuma.
Mil pessoas me perguntaram do blog, que estavam com saudades dos posts e tal. Cá estou. (Sim, Dione, dessa vez estou falando de você mesmo. – É que tem gente que acha toda vez que o post é pra ele, sabem...).
Fui conhecer um restaurante indiano numa festa do trabalho. A festa foi tão uó que não volto mais. Nem a restaurante indiano nem a festa do trabalho.
Que mais aconteceu? Estou super apaixonada (pelo mesmo de sempre, pra sempre), Caio foi para os Estados Unidos, meu aluno de aulas particulares enfim passou de ano, passei em francês com A+, a despeito de ter faltado um mês quase, e saí da dança de salão (pra sempre, de novo). Fui a um tanto de médicos. O angiologista deu perda total pra minha safena que, ao contrário do que eu pensava, fica na perna, e não no coração. Não riam, ignorância é triste. O oftalmologista achou ceratocone nos meus olhos; sabia que eu tinha puxado Fernando em alguma coisa. Meu nariz tá ótimo, tomei antibiótico por 10 dias, tenho que injetar soro seis vezes ao dia, 5mL em cada narina, pomada duas. Morro de medo de tomar um soco na rua. Natal, né, as pessoas ficam irascíveis na frente das lojas.
Fico pensando se eu tivesse nascido uns vinte mil anos atrás. Teria sucumbido antes dos 12 anos. Não enxergo direito, até uns dias atrás, não respirava direito, meu sangue não circula direito, meu ombro é bichado, não aguento correr, não aguento o peso do meu corpo nos braços. No tempo dos homens das cavernas, eu seria abandonada pela minha família nômade numa caverna remota por não conseguir acompanhar o bando. Até uma fera teria preguiça de me abater, não valeria a pena.
Mas vamos falar de coisas boas, é Natal, Jingle Bells e coisa e tal.
Papai Noel passou lá em casa mais cedo este ano. Ganhei um mp10 maravilhoso que ele mandou pelo Fábio. Arrasaram, Fábio e Papai Noel. Este só esqueceu de levar minha roommate quando passou. Era o meu pedido especial. 50% de aproveitamento, Noel.
Na noite mesmo de Natal, passei em Guanhães. Ótimo, menos gente que o normal, amigo oculto com marmelada: eu tirei meu irmão e meu irmão me tirou. Minha mãe jura que foi sorte. Ahã, sei.
Então tá, anotei um monte de coisas pra escrever, mas obviamente perdi o papel. Como semana que vem também é ano que vem, tenho que fingir que estou cheia de amor no coração e desejar coisas boas pras pessoas.
Pra provar que nada muda nunca, linco o mesmo texto do ano passado, que eu amo, pra qualquer época do ano, mesmo: Os Votos, de Sergio Jockymann