segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Diário à la Bridget Jones

Trabalho novo: 1
Coleguinha novo que vai ficar sem emprego porque eu cheguei: 1
Peso na consciência por causa disso: 0,2
Amiguinhos dizendo que eu vou superar isso: 4
Pessoa apelando e mandando então que eu doe todo o meu salário pra ele (depois de eu insistir que vou ficar mal com isso): 1
Superação depois da apelação: 1
Coleguinhas que mal olharam pra minha cara e já resolveram contar as suas mazelas: 2
Dia em que trabalhei tanto quanto hoje: não lembro
Sapato estragado: 1
Zouk dançado: 0,5
Peso que estou levantando na fisio: 1 kg (o dobro da última sessão, para o caso de alguém não ter notado!).

domingo, 28 de setembro de 2008

Mulherice

Fisioterapia dói

Arrumei uma doença nova. Uma não, duas. Tá, meus ombros sempre doem – nos últimos meses mais -, estalam de vez em quando, não consigo fazer a força necessária nas aulas de dança de salão, não agüento peso nenhum nos braços e ultimamente nem tava conseguindo segurar no ferro de cima do ônibus. Daí fui ao ortopedista. Que diagnosticou instabilidade nos ombros e hiperfouxidão ligamentar. Algo como as correias (ou ligamentos) que prendem meus braços estarem frouxas. Ótimo. 10 sessões de fisioterapia.
No dia da avaliação – surpresa! -, minha mochila pesava 13kg. Achei melhor não contar pra fisioterapeuta que a mochila tava mais leve por causa das pseudoférias. Tomei um xingo, claro. Aí ela foi me submetendo a mil testes, um deles inclusive pra mensurar a força. Tipo, numa escala de zero a dez, minha força nos braços é três. Três! Daí lembrei que nas aulas do Érico-Rei ele fala que não é preciso fazer muita força no contato com o cavalheiro, basta a força de um bebê. Dada a dor que tenho sentido nas aulas, acho que um bebê me nocautearia com uma mão nas costas, que derrota!

A fisio tá super chata. To na terceira sessão, rezando pra acabar. Por causa da maldita da apalpação – uma das etapas -, meus ombros estão doendo mais que sempre. Prova cabal de que não tem nada a ver com meu stress – to estressando com nada essa semana. Na verdade não são os ombros que mais doem, mas o trapézio, músculo que eu nem sabia que tinha no corpo, pra mim era só uma figurinha de geometria plana. Enfim, eu tenho e dói pacarai. Lá também eu faço uns exercícios com pesinhos, pra fortalecer o bíceps e o tríceps e estou fazendo com – não riam! – meio quilo em cada mão. Mas amanhã vou aumentar! Depois eu faço um negócio com ultra-som, que é gostosinho, não dói, ela fica passando gelzinho no meu ombro enquanto me fuzila de radiação. É a segunda melhor parte. Depois tem um negócio que ironicamente elas chamam de “relaxamento”. É tão ruim quanto a apalpação do inicio, dói horrores, ela monta de cotovelo no meu trapézio, quase morro! Depois vem o choquinho, uma delícia, me faz dormir: ela cola em mim quatro eletrodos que fazem contrair a musculatura. Acho que é assim que funciona aquele Total Shape, com que a gente pode emagrecer comendo x-tudão.

Mas, como dizia alguém, o inferno tem porão! E na terça tenho avaliação da academia em que vou começar a fazer musculação, antes mesmo de terminar a fisio, também recomendada pelo orto...

Edifício Toblerone

Só porque eu tava em casa tinha que postar todo dia? Não, né. Mas vou atualizar da última semana. Parei no dilema “e-agora?-começo-logo-a-trabalhar-ou-curto-minha-folguinha?” em que eu quase me vi compelida a começar logo, deixando a fomiagem costumeira comandar o meu ser. Daí várias pessoas foram me dando idéia de curtir preguiça uns dias. Não que eu seja influenciável, mas estou tentando ser uma pessoa espiritualizada e fiquei sabendo de fonte seguríssima que, para isso, tenho que saber ficar à toa. Nó, mas sou tão nerd que quase me sinto culpada de acordar tarde, sabe? E falo: “amanhã vou fazer isso e aquilo outro” e não faço bosta nenhuma, claro. E minha consciência quase pesa. Atenção para o quase.

Não é que eu não tenha feito nada, só não fiz tudo o que tinha planejado... não vi TV (nem novela, nem sessão da tarde, nem nada), não fui a todos os médicos a que tinha planejado... Em compensação, comecei a fisioterapia (tô toda lenhada, jajá eu conto), namorei um monte e dormi e comi tanto que recuperei o quilo que tinha perdido na semana anterior.

Enfim, amanhã começo a trabalhar e tudo volta ao normal. Tomara. Claro que sexta fui lá ver a cara do prédio e do povo. Meu prédio é lindo, parece um toblerone em pé! Agora, claro que além do Edifício Janaína Pimenta que vou ter quando ficar rica, residencial, vou ter que ter também o Edifício Toblerone, todo comercial... Saco!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Antigo trabalho

Semana de mudanças drásticas. Vou falar só da parte do trabalho, que é pro post não ficar enorme (como se adiantasse...). Saí do meu antigo trabalho. Antes que comecem as piadinhas sobre como eu ficava no blog e no msn ao invés de trabalhar, digo que fui eu que pedi demissão. (E que minha chefe estava super satisfeita comigo... e que minha caixinha de reclamações não tinha nenhum papel!) Quem acompanha o blog sabe que passei num concurso público. Não foi o primeiro em que passei, mas foi o primeiro interessante, pelo qual pareceu valer a pena cortar o meu cordão umbilical com a Universidade. Sim, porque eu nunca cortei efetivamente o cordão, né. Desde 1997, quando Guanhães me exportou pro Coltec, onde eu passava os dias de semana das 7h30’ às 17h30’ e alguns finais de semana também. Formando em 1999, fiz o estágio do curso técnico lá bem pertinho do campus e vira e mexe eu almoçava lá.
Ano 2000, passo no vestibular. Adivinha onde? Lá. Entrei em 2001, fiz n estágios, muitos mesmo, em vários lugares, e o último foi nesse lugar de onde saí anteontem. Em 2006, com a formatura, o pseudo-casamento e a mudança de estado, larguei o estágio, com uma festa de despedida super pomposa, lágrimas e tudo mais. Dois meses depois, estava de volta a BH. Passei menos de uma semana procurando emprego – traumático! – e minha ex-chefe me chamou pra trabalhar lá. Com um contratinho, pois sem vinculo com a Universidade – eu tinha formado, lembra? – era impossível ser estagiária. Dois meses depois, fui formalmente contratada através de uma fundação terceirizadora. Assinaram minha carteira pouco depois de eu fazer 25 anos. Mágico, se a lei não mudar ate lá, não vou trabalhar nem um dia a mais pro governo, pois vou completar 55 anos de idade e 30 de contribuição previdenciária no mesmo ano, como reza a Constituição federal, em algum artigo entre o 37 e o 41, to com preguiça de olhar agora.
Enfim, saí.
Quarta foi meu último dia. Tarde de festa, claro. (Adoro como as pessoas manifestam a alegria da saída de um coleguinha...) Enquanto comíamos, aquela chuva monstro arregaçava os carros dos coleguinhas lá fora.
Trabalhei no último mês como nunca trabalhei nos últimos anos. Entrei lá em fevereiro de 2005. Me senti uma rena em véspera de Natal. Pelo menos consegui deixar tu-do com o que eu mexia fechado. Tudo, tudo, tudo! Limpei minha mesa, sempre cheia de papéis bagunçados. Passei tudo pra quem tinha que ter passado. Falei pra ninguém me ligar perguntando nada de trabalho (se for pra contar babados, pode, né?).
Reclamei de um dos toques barangas do celular de um coleguinha e disseram que dali a uns dias eu estaria com saudade. Disso não!
Mas vou ter saudade de montes de outras coisas:

De alguns coleguinhas, especialmente amiguinhos que fiz lá e quero levar pra sempre.

Do instant messenger institucional (juro que tinha!), que servia pra descermos a ripa nos coleguinhas presentes.

Do mundo de coisas pessoais que eu levava pra lá, brinquedos, sapatos, coisinhas, já chegando ao absurdo de misturar tanto ao ponto de achar receita médica minha dentro de processo administrativo.

De todo mundo lá conhecer as minhas calcinhas. Péra, vou explicar. Fato é que o banheiro de lá tem uma parte comum, onde ficam as pias, armários e espelhos e só depois é que vêm as portinhas de menino e menina. Só que eu costumo só ir ao banheiro quando estou ultra apertada – mooorro de preguiça – e saio correndo feito louca pelo corredor e já começo a desabotoar a calça, que é difícil. Minha calça de uniforme tinha 2 botões, um virado pra cada lado, e um zíper. Ou seja, já chegava à parte comum com meia calcinha de fora. E vira e mexe tinha alguém saindo que me olhava torto.

De correr no corredor todo dia e deslizar no final.

De tomar choque na porta e no corrimão e ouvir a piadinha mongol de que eu sou muito elétrica.

De contar um caso, rachar os bicos sozinha e depois repetir pausadamente pro resto dos mortais entender (quem fala rápido aqui?).

De parar o serviço pra comer lanchinhos no meio da tarde.

De andar com o celular preso no cós da calça. (Baranguice!) Um vez eu dei um pulo ao sentir meu celular descendo pela perna. Mini-xilique, claro. Quando todo mundo tava olhando, ele brotou perto do meu pé. Sorri candidamente e continuei a fala.

De servidor que me ligava e me estressava.

De servidor gracinha que me levava bombons e me elogiava.

Do dia que eu mandei um servidor entrar no “blog” da universidade. Algo relacionado com o fato de eu estar postando enquanto falava com ele???

De postar no blog, falar no msn, mexer no orkut, olhar meu email, atender telefone e fazer pareceres ao mesmo tempo. Meu primeiro chefe lá, que depois de um tempo virou coleguinha (eu que virei, né?) um dia perguntou como é que eu conseguia ficar mexendo com esse tanto de coisas e ainda produzir mais que ele. Eu tinha intimidade o suficiente pra dizer: “Porque você fica perdendo tempo olhando pra minha tela pra ver o que eu estou fazendo”.

De despedir de um telefonema com uma pessoa importantíssima que eu nem conhecia e nem conheceria mandando beijo.

De falar meses com pessoas de que eu só conhecia a voz, um belo dia conhecer pessoalmente e dizer: “Ó, você que é fulano???”. E claro, desconstruir a imagem que eu fazia na minha cabeça baseada na voz.

De ficar nervosa antes de falar com o reitor.

De sair da sala correndo pra rir lá fora de alguém.

De ter acesso de riso atendendo pessoas. E pra explicar que não era deles que eu tava rindo?

De ter acesso de choro ao telefone, resolvendo coisas pessoais. E como não dá pra evitar, de todos os coleguinhas participarem da vida da gente. Sala pequena...

De dividir lanchinhos.

De lanchinhos que não eram pra ser divididos. Às vezes era tudo meu – que eu mostrava antes de enfiar na boca, claro – ou só pra mim e pra Paula. Já soube de sumirem coisas de coleguinhas da geladeira, e lancei a política de colocar bilhetinhos ameaçadores nos lanchinhos, alguns prometendo amaldiçoar toda a família de quem pegasse.

De pagar língua, odiando pessoas e ficando amiguinha depois.

De quebrar a cara, babando ovo de gente que definitivamente não vale nada.

De ganhar presente super personalizado da minha chefe, que tem super fama de mauzona. Eu evitava ir à sala dela por causa do cigarro, e tinha gente que jurava que era algo com ela.

De ganhar elogio da minha chefe e zoar os colegas que não ganharam.

De criticar um projeto da mesma mauzona, embasadamente, claro, todo mundo esperar ela me descascar, mas ela concordar.

Do dia em que eu e Thays fizemos o blog. Lá no trabalho. No horário de trabalho. Do computador do trabalho, de onde saiu a maioria dos posts. Nem sei como vai ficar isso agora. Terei um estagio probatório a cumprir, né.

Foram 4 anos, a gente acaba se apegando a uma ou outra coisa. Ou a todas.
Quarta foi meu último dia de trabalho lá. Quinta passei um dia de desempregada. Se nada mudar, o último.
Tomei posse hoje na prefeitura. Virei oficialmente uma funcionária pública municipal. Tenho dez dias pra entrar em exercício. Pretendo usá-los todos. Só vou poder ver sessão da tarde de novo no final de 2009, quando terei férias. Falar nisso, semana que vem só tem filmes ruins, acabei de olhar. O melhorzinho tá quarta, Família Buscapé. Claaaro que vou ver. Preferia Lagoa Azul ou Curtindo a vida adoidado, mas se eu tivesse o poder de determinar assim as coisas, usaria para determinar outras...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Não sei precisar


Não sei precisar quantos amigos eu tenho, mas posso dizer que não são muitos e que os amo.
Não sei precisar quanto dinheiro eu pretendo ganhar, mas estou me esforçando pra ter mais.
Não sei precisar quando foi que eu comecei a sorrir, mas sei que eu já era bem grande na época. E tem sido bom desde então.
Não sei precisar em que período do meu curso de graduação eu decidi que não queria “engenheirar” na vida, mas lembro que decidi e ainda assim continuei o curso. E foi bom.
Não sei precisar quando foi que minha última crise existencial passou, mas sei o dia e a hora em que começou e o quanto doeu.
Não sei precisar quando foi que eu fiquei tão descrente, mas há muito tempo não acredito que as coisas ruins melhorem no final e nem que as pessoas mudem.
Não sei precisar de uma pessoa específica. Porque das genéricas todo mundo precisa o tempo todo, mas precisar de uma é ruim, gosto não.

P.S.: Isso é um post e só. Não é pra ninguém tentar interpretar. Não precisa.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

D com louvor


“…anemia…
…leucopenia…
…plaquetopenia…
…neutropenia…”


Finge que isso aí é um cardápio. Finge que eu não tenho educação e escolhi todas as opções. É, tirei esses nomes aí do meu laudo médico pericial. Passei num concurso difícil e quase tomo pau no exame de sangue, pode?
O perito com que fiz meu exame admissional fez muitas perguntas com meu exame de sangue na mão, não gostei.
Perguntou se meu cartão de vacina está em dia. Rá, né? Claro, tomei aquela de gotinha da campanha do Seu Boneco. Se não me engano, foi em 1992.
_Então você não tomou a da hepatite?
_Não.
_Nem nenhuma do tétano?
_Não (deurmelivre!).
Se me perguntassem por mais uma vacina eu nem podia gritar, porque me ensinaram que a gente tem que sorrir pros peritos, né?
Então. Ela pediu pra repetir os exames. E encaminhou prum hematologista. E sugeriu que eu regularizasse o cartão de vacina. Até tentei, tomando a da rubéola ontem, no meu braço que não estava doendo. Agora estão os dois doendo, ó que ótimo!
Depois dessa novela toda, escreveram “APTO” no laudo. Tipo, você está quase morrendo, mas pra tarefa que você tem que desempenhar, dá. Eba! Passei com D, como sempre. Com louvor. Não acredito em A com louvor. Louvor é pra quem tira D. Pra gente dizer que escapou do abismo, tem que estar na beiradinha. A 2m de distância não dá nem pra se orgulhar.
Mas então. Além do stress da expectativa, tinha que escutar uns comentários de “também, né, você só come porcarias” e umas piadinhas tipo “se tivesse um McFígado, hein!”. Saco. Nem é isso. A questão genética é mais forte do que pode parecer. Eu já tava até planejando processar o Corregedor por preconceito racial caso ele me reprovasse, mas não foi preciso, hehe. Claro, porque se um cara que não é médico pega um laudo escrito “apto” e vai escarafunchar a quantas anda o meu sangue, ele só pode estar de implicância com a minha foto, né?

Independence Day


Fui pra Guanhães no “feriado”. As aspas são devidas ao feriado cair num domingo, ninguém merece. Mas fato é que fui pra Guanhães na sexta. Mamar na minha mãe, como já tinha contado aqui. E ver o desfile de 7 de setembro, do qual o povo lá de casa participa ativamente.
Assim, as escolas da cidade todas desfilam. Minha mãe trabalha em duas – desfilou duas vezes. A cidade tem três fanfarras: A maior e mais tradicional de todas, do colégio em que eu estudei lá, é liderada pelo meu tio Luiz. A segunda, das escolas municipais, é liderada pelo meu irmão. A outra é dos ricos, rs.
Óbvio que vou morrer chamando Luiz e Thiago de fanfarrões, claaaro!
Fui pra assistir o desfile, não imaginava que iria participar tanto dos bastidores.
O desfile começaria às 7h30’ da manhã. Pontualmente (ahã!). Às 15 pras 7, Luiz e sua fanfarra deveriam estar no colégio. E eu junto, porque ele me escalou pra ser sua assistente. É que ele precisava de alguém malvado pra ajudar na entrega dos instrumentos, alguém que não se comovesse com os meninos pedindo pra fazer trocas. Não que eu seja esse tipo de pessoa (longe de mim!), mas é que eu era a única pessoa da casa que não ia desfilar e tinha menos de 80 anos. Claro que agora estou visualizando tia Bernardina fazendo minha tarefinha...
Enfim. Fomos. O desfile das 7h30’ começou às 9. O sol rachando. Nunca mais pergunto cadê o aquecimento global. E ainda faltam quase duas semanas pra terminar esse inverno escaldante. Se bem que reclamo do calor tanto quanto do frio, não importa. Mas prefiro frio. Só pra constar.
Voltando.
Meu primo Vinícius, de 5 anos, desfilou com a escolinha dele. Quando ele chegou ao final do percurso de quase 2km, estávamos esperando. Trocamos a roupinha dele e levamos de volta pro início: a fanfarra do pai dele ia entrar e ele ia junto. Tocou mó bunitinho. Agüentou firmemente, brilhou! Vinícius é uma graça, ele não chora! Andou mil anos e não chorou, já machucou e não chorou, no dia em que a mãe dele foi embora, deixando ele e os irmãos pra trás, ele não chorou. Qualquer dia eu conto aqui.
Depois do desfile, tive um acesso de stress, comecei a chorar e Vinícius começou também. Que dó, morri de remorso, parei de chorar e comprei montes de balas pra nós. Quem disse que dinheiro não traz felicidade? Quem visse a gente sentado no chão morrendo de rir não diria que estávamos chorando minutos antes. Saudade de quando eu era pequena e não sabia o que significava ser bipolar...
Falar em ser pequena, eu devo ter sido uma das únicas da família que não desfilei em 7 de setembro nenhum na vida. Estudei 4 anos no colégio. Antes de eu entrar, tinha desfile. Depois que eu saí, tem. Estudei no limbo cultural, que beleza!

P.S.: não gosto de videozinhos, mas esse aqui é pra quem quiser saber o que é fanfarra. Só achei no youtube a dos ricos, mas, né, viu uma, viu todas...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Ex post


Outro terminho novo que aprendi. Em latim, claro, porque agora eu to assim, chique.
Aprendi na prova ontem. “Ex post” é posterior, assim como “ex ante” é – adivinhe! – anterior. Viu como latim é obvio?
Vamos às respostinhas coletivas:
_A prova tava difícil?
_Sim.
_Você acha que passou?
_ Não faço idéia.
_ O resultado é quando?
_ Em 90 dias, se a lei não mudar nesse período, como aconteceu há pouco tempo.
Detalhes sórdidos:
Claro que eu sabia que essa seria a prova mais difícil ever, mas tava tranqüila quanto ao fator que me arregaçou na etapa anterior: o tempo. Seriam só duas questões, rápido e indolor, eu ia terminar rapidinho. Mas aí a aplicadora põe a prova na minha mesa. Virada pra baixo. Vejo a numeração na última página, quase chorei: 16. 16 páginas de prova? Era pegadinha, né? Quem gasta 16 páginas pra escrever o enunciado de duas questões? Só o enunciado, porque o caderno de respostas era outro!
Ai, meu Jesus Cristinho! Por que eu trouxe 500 mL de suquinho de maracujá e não um coquetel de Coca Cola com café??? To ferrada, não vai dar tempo.
A carteira era daquelas mais vagabundas, de braço. Que só cabe o braço mesmo, né, porque quem sou eu, toda a minha largura, canetas, bolsa, lanchinhos, suco, água, balas, lencinhos, e mais os dois cadernos, um de questões e o outro de respostas, sendo que o segundo era o que eu tinha que devolver, sem dobrar, nem amassar, nem sujar, nem nada, como???
Tirei o grampo que prendia o caderno de questões. Tive que pedir autorização e tudo, claro, mesmo a prova sendo minha. Toda hora uma das minhas coisas caía.
A prova tava grande sim, mas tava tranqüila. Teve uma das questões que tinha 2 entraves:
1 – não falava qual a proposição queria
(Parêntese: pra quem não sabe, a prova era de redação parlamentar. O edital do concurso já tinha me contado que a questão de redação poderia ser “a elaboração de proposição – projeto de lei ordinária ou complementar, projeto de resolução, proposta de emenda à constituição, emenda ou requerimento -, de ofício ou de pronunciamento.”. Viu por que eu chamava de prova twist carpada??? Fecha.)
Então, a questão não falou qual proposição queria. Contou uma historinha e mandou editar uma norma usando a proposição adequada. Diliça. Ainda bem que minha mãe Diná interior tava de serviço, senão, nem sei.
2 – pedia uma justificação pra proposição de 30 a 40 linhas.
Jesus, fiz um bocado de exercícios, e todas as minhas justificações davam 3 a 4 linhas. Fiz uma de 7 linhas outro dia, mas meu orgulho só durou até eu perceber que tinha repetido coisa. Claro, porque eu escrevo posts enormes, mas me dava uma preguicinha de justificar pertinência de lei... Então. Escrevi. 37 linhas.
A segunda questão teve uma surpresinha. Dizia o edital que a segunda seria “revisão de texto de proposição - projeto de lei ordinária ou complementar, projeto de resolução, proposta de emenda à Constituição, parecer, emenda ou requerimento -, de ofício ou de pronunciamento.”.
Como todos puderam notar, tá, duvido que alguém que não estivesse fazendo a prova tenha notado, mas a única proposição que poderia ter na questão de revisão que não teria na de redação era “parecer”. Logo, todos nós, eu e meus espertos concorrentes, concluímos que a revisão seria de parecer. Senão, pra que ele ia aparecer só na parte da questão de revisão, né? Né não. Veio um pronunciamento.
Mais fácil? Sim, pra mim e pra todo mundo que não estudou nada. Tinha uns 6 tipos diferentes de pareceres, e eu sabia todos, ódio.
Li o pronunciamento quase até decorar. A cada vez que eu lia, achava mais uma coisinha pra mexer. TOC dos infernos.
Quando a aplicadora avisou que faltavam 15 minutos, eu parei e entreguei. Odeio que puxem a prova da minha mão.
Ou, a sensação de terminar um concurso desse tamanho – 3 etapas que vêm rolando desde o início do ano – é um negócio maravilhoso, difícil até de descrever. É uma sensação parecida com a que eu tive na minha formatura, um gosto de dever cumprido, de pronto-acabei. Meio “sim, isso não garante nada, mas pelo menos não tem mais nada que eu possa fazer a esse respeito agora”.
Agora tenho que esperar. E enquanto espero, tenho tanta coisa inútil pra fazer! Ontem por exemplo, depois de dormir a tarde inteira, fiquei vendo videozinhos de bobagens no youtube. Não que eu não visse antes, mas é ótimo fazer isso (ou qualquer outra coisa) sem a sensação de ao-invés-de-estar-fazendo-isso-eu-deveria-estar-estudando-como-aposto-que-estão-fazendo-os-meus-concorrentes.
Ainda bem que aprendi a valorizar o ócio antes de envelhecer.
Ócio assim, né, to trabalhando horrores – mudando de trabalho, aliás – voltei pra dança, peguei um serviço imenso de revisão pra fazer... a diferença é que agora eu vou ter um tempinho pra mim. Vou ter mais tempo pra sair pra bater papo com os amigos (tadinhos, eles não agüentam mais me ouvir dizer “não posso, tenho que estudar”), vou mamar na minha mãe l’em Guanhães no fim de semana que vem, vou arrumar meus armários, vou dar atenção direito pro meu namorado, que vai descobrir essa semana o que é me namorar sem o stress do concurso – ele só me conhece há pouco mais de 3 meses.
Sério, to pensando seriamente em dar um tempinho com esse negócio de concursos. Pelo menos até o final desse ano. (Claro, vou aproveitar a maré baixa devida às eleições...)
Caso eu passe nessa prova que fiz ontem, o que muito desejo, mas realmente não sei se é possível, talvez eu dê até um tempão. Quem sabe, né?