sábado, 25 de outubro de 2008

Ninguém chuta


Todo mundo que me conhece sabe do meu parco engajamento político. Morro de preguiça de passeatas, manifestações, bandeiras e afins.
Mas domingo tem eleição. De novo. No primeiro turno fiz uma coisa feia, condenadíssima por quem entende de política, que foi votar em qualquer um que não estivesse em primeiro lugar nas pesquisas só pra garantir que ia ter segundo turno. Pra eu ganhar tempo pra decidir. Porque antes do primeiro turno, não tive nem um tempinho pra ver programas políticos porque estava (e ainda estou, só que menos) ocupadíssima com revisão de monografia alheia. Árduo serviço que adoro fazer, me tira o sono, me deixa estressada, mas garante o leitinho das crianças, né? Essa ocupação me tirou inclusive tempo de escrever aqui. Só lembrava que o blog existia quando alguém comentava – obrigada, adoro – ou quando algum amigo perguntava carinhosamente: “Você não vai atualizar aquela bagaça lá mais não?” Confesso que adoro também.
Mas essa semana eu nem tive nada pra contar. To lá no trabalhinho, do mesmo jeito, pelo visto já aprendi tudo o que tinha pra aprender de diferente. O que significa que nunca mais vou ter novidades, a menos que eu passe num concurso que me deixará mais rica. Falar nisso, ainda to na espera daquele concurso que me arregaçou no primeiro semestre e mais um pouco. O resultado pode sair até 30 de novembro, se a lei não mudar até lá. Mas to esperando. Pacientemente (finge).
Contei que terminei a fisioterapia? Pois terminei. Com a recomendação de ir a outro ortopedista, porque a musculação vai ajudar com o problema do ombro, mas a fisioterapeuta disse que preciso ir a outro ortopedista, um que seja especializado em coluna, porque estou com sintomas de cervicalgia. Que delícia... Até comprei uma bolsa de gel pra esquentar e colocar no meu trapézio dolorido, mas ela ainda ta novinha, embrulhada, na gaveta. Essa sou eu.
Falar em musculação, essa semana fiz a segunda aula. Considerando que a primeira foi há três semanas, dá pra calcular minha disposição em ficar em forma, né. Mas to indo. Já deixei até a roupa de ginástica lá no trabalho, pra que no dia em que eu resolver ir, não dê pra falar “se eu estivesse com minha roupa aqui...”.
Fui também ao hematologista começar a cuidar da minha pancitopenia que já contei aqui, acho que só não tinha contado que aprendi a palavrinha nova que designa a doença, adorei. Ela pediu mil exames de sangue que obviamente ainda não fiz. Mas to andando com os pedidos na bolsa o tempo todo. Quem sabe, né?
Minha mãe foi comigo nessa médica, convocada pra exercer seu papel de mãe. Ela veio aqui, saímos, passeamos, comemos, fomos a uma ótima festa infantil, fomos ao baile da escola e ela ficou numa mesa só de mães, porque combinei com os meninos pra levarem as mães deles também.
Mas voltemos às eleições. Longe de mim fazer campanha pra quem quer que seja, mesmo porque nem acho que eu seja tão influente assim.
Mas xeu contar. Entre o primeiro e o segundo turno, vi alguns debates, fui a um, li coisas, enfim, escolhi um candidato. Não fiz campanha, não vesti camisa, só escolhi.
Nem ia falar disso aqui no blog, até ontem eu ver esse adesivo espetacular. Adorei mesmo. Procurei o texto do adesivo no tio Google e não achei. Fui obrigada a pedir o adesivo a um coleguinha do trabalho pra escanear e colocar aqui. To até pensando em colar ele na bolsa, achei tudo! Será que sair com isso hoje é considerado boca-de-urna? Não, né?

P.S.: Parabéns pra Guanhães, que faz aniversário hoje!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Tem remédio


Sim, hoje é dia de postar.
Meses atrás, minha mãe me contou que achou um remédio milagroso pra gripe. Que podia tomar num dia e no outro já estava boa. Que vendia em qualquer farmácia. Que tinha um monte de efeitos colaterais. E que ela não me passou o nome. Cismei, não sei por que cargas, pois ela disse que nunca falou isso, mas cismei que o trem era uma injeção. Ou talvez ela tenha falado isso na época sim, sabendo que o meu medo de agulhas é do mesmo tamanho da minha hipocondria.
Mas enfim. Numa atitude deseperada ontem, liguei pra ela pedindo o nome do tal remédio. O nome é super complicado, minha mãe é meio surda, eu tava rouca e aí já viu. Meia hora pra resolver o trem. Pelo menos descobri que ele é em comprimidos!
Hoje cedo passei numa farmácia e o cara nunca ouviu falar no remédio. Quando o moço da segunda farmácia respondeu a mesma coisa, comecei a pensar se minha mãe não tinha me dado o nome de uma droga ilícita. Impossível, ela não sabe o nome de nenhuma droga ilícita, chama todas de droga mesmo, tipo “fulano fuma uma droguinha”, morro de rir.
Tentei pedir pelo telefone mas, quase sem voz, claro que não consegui.
Na hora do almoço fui a uma farmácia pequenininha, perto do trabalho e achei. Vendedor velhinho, sabia tudo, claro. Adoro vendedores velhinhos.
O remédio é tão foda que só pode tomar 2 por dia. Acabei de tomar o segundo.
Não, não esperei as 12 horas recomendadas. Mas tive o aval da minha mãe.
Se eu sobreviver, depois conto pra vocês se funciona mesmo.

Frio é pra quem pode


Odeio pessoas que morrem de calor. Não falo de morrer de calor no verão, como seres normais. Falo de quem morre de calor o ano inteiro. De quem se orgulha de falar que nunca vestiu uma blusa de frio. Que chega a qualquer lugar arreganhando as janelas enquanto fala "nossa, mas aqui tá abafado demais!". E ainda quer solidariedade: “não tá?”. E quando quer dar uma de coletivista: “Abra a janela aí pra nós!” Nós, quem, cara pálida? Eu, pelo menos, tenho certeza de que prefiro as janelas fechadas, sempre.
E o povo que me vê de blusa de frio (todo dia, diga-se) e fala (também todo dia) frases como: "Se vier esse frio que você tá esperando, hein?" Tem nobel de originalidade? Que pena que não. E quando falam: "Não, você não pode estar com frio!". Ouvi isso calada por alguns anos, até que finalmente aprendi a melhor resposta ever: "To, mas acho que é porque eu não tenho toda essa camada de gordura que vocês têm na barriga pra esquentar". Em geral funciona e são raras as pessoas com que preciso ser grossa mais de uma vez – nessa modalidade, claro.

Doencite


Tive uma semana super saudavel.
Me alimentei bem.
Almocei de verdade todos os dias.
Comi feijão.
Alguns dias preto.
Comi salada.
Comi carne.
Quase não comi chocolate, mesmo resistindo à remissão que o meu prédio de trabalho faz a um Toblerone.
Andei a pé.
Subi escadas.
Fiz fisioterapia direitinho.
Usei os óculos.
E quebrei a cabeça tentando descobrir por que raios eu estou doente então, se sempre que eu adoecia antes, as pessoas diziam que era porque eu não comia direito e/ou porque eu não fazia exercicios.
Estou morrendo de gripe. Estava com um fio de voz ontem e hoje parece que ele arrebentou.
Custei a descobrir o motivo da doencite:
Acho que é crise de abstinência. Essa semana não fui ao Mc Donalds nem uma vez...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Danslexia


Não sei o que acontece comigo nas aulas de dança enquanto o professor explica o passo. Estamos lá todos em roda, o professor no meio com sua assistente mostrando o passo, falando e fazendo ao mesmo tempo (daria até pra escolher com que sentido prestar atenção). Daí eu pisco e de repente ele grita um desses:
_Vamos la!; ou
_Na roda!; ou
_Com o par!; ou
_...7...8!
E eu nunca, nunquinha, em tempo algum, sei o que é que eu devo fazer. É um não-sei-que-passo-ele-acabou-de-ensinar tendendo para um isso-é-aula-de-que-ritmo?
E quando você faz aula com outro dansléxico? O professor manda pegar o par e me deparo com um cavalheiro me perguntando com um olhar desesperado: “Você entendeu?” ou “O que é mesmo pra fazer?”. Pior é que tenho um crachazinho diferenciado que faz os alunos terem a maior confiança para perguntar. Prova cabal de que imagem é tudo nessa vida... como se o crachazinho me desse poderes subrenaturais.
Mas então. Daí o aluno me pergunta o que tem que fazer. Não posso começar a chorar. Nem a rir. No máximo, sorrir. Não posso sair da sala correndo toda vez que alguém me pergunta isso. Posso fazer cara de brava pro aluno: “Você não tava prestando atenção não? Tsc, tsc!” Posso me esforçar pra prestar mais atenção à aula, mas não dá. Já tentei observar do fundo da sala se isso acontece com o resto do povo. Ta, não assisto a muitas aulas do fundo da sala, mas nas poucas que vi, depois do 8 todo mundo faz direitinho a coreografia do passo recém-ensinado, nenhuma cara de como-assim. O negócio é comigo mesmo. Comecei a reparar o que raios eu fico fazendo enquanto todo mundo aprende o passo. Esforço surreal para, além de não aprender, ainda descobrir o que me atrapalha.
Professor vai pro meio da roda.
Eu começo a viajar. Meu ombro tá doendo. Maldita fisioterapia. Que bonito o sapato dela! Ah, não, muito alto. Essa parede é verde ou azul?
_...7...8!
Aimeudeus! Perdi o passo de novo! Na próxima parada (já notei que acontecem pelo menos umas duas por aula), juro que vou prestar atenção só no professor.
Professor vai pro meio da roda de novo.
Gente, eles têm muita diferença de altura! Mas e daí, ela dança tanto, podia ter 30cm que ainda ia arrasar! Ai, preciso prestar atenção à explicação. Vou olhar pra eles. Tadinha, deve estar morrendo de calor com esse “colã”. Como escreve “colã”? Não faço idéia. Não, não vou pensar na roupa. Já pensou o povo dando aula sem roupa? Saio da sala pra rir lá fora, fingindo que vou beber água. Mas tenho que voltar correndo porque ele já mandou executar o passo... Passo? Que passo? Merda.
Já passou 75% da aula, não deu, duvido que ele vá mostrar mais algum passo hoje.
Mas nos 10 minutos finais:
_Gente, dêem uma olhadinha aqui.
Inspiro, concentro todas as minhas forças. Não pisco, não me distraio com nada. Não enxergo o resto da sala, só os professores. Tenho fé que eles vão fazer um passo e eu vou entender. E eles fazem um passo básico de bolero. E outro. E outro. Devem estar se preparando pra entrar no difição-twist-carpado, né? Claro. Um paradinha... e mais uns dois passos básicos. Ele anda até o som. Mentira que no dia em que eu consegui prestar atenção, ele vai reensinar o passo básico, mentira! Ele:
_Prestaram atenção na música?

P*taquepariu! Definitivamente, não nasci pra isso!



P.S.: Metade da idéia do nome da danslexia é do Haroldo. Idéia discutida enquanto o professor explicava um passo e eu me preocupava em definir uma dislexia corporal...

P.P.S.: Antes de começarem a me zoar, tenho que informar que tenho dislexia de verdade. Nada grave, mas tenho. Num grau baixo, mas tenho. Se bem que esse negócio com a dança é sintoma mais de TDAH do que de dislexia propriamente dita. Não sei. Será que tenho isso também? Aimeudeus.