sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Descobri qual é o problema


Gente, não tenho coragem de sair para o final de semana antes de contar uma coisa que um cavalheiro falou comigo ontem:

"Eu sei os passos, e consigo fazer todos eles sem música. Só que na hora que põe a música nada dá certo. Acho que a música é que me atrapalha!"

Bom final de semana a todos. Que a banda siga nossos pés desgovernados. Ou que Deus esteja conosco.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Dois livros e duas conversas


Li um livro ótimo. Um não, dois. Foi o moço de dois posts abaixo que me emprestou. Os dois ótimos, lindos, maravilhosos. Gastei menos de 24h brutas pra ler os dois, mas depois tive que relê-los saboreando cada parte. Recomendo fortemente os dois.
1 – A agenda de Sabine, de Nick Bantock. São cartas. Algumas vocâ abre e literalmente tira do envelope pra ler. Mas não quero comentar muito. Ele é o segundo de uma trilogia, e fiquei doida pra ler os outros dois. Se alguém tiver, pelamordedeus me empreste. Eu cuido bem. Pode perguntar. E depois que eu ler tudo, aí sim eu comentarei direito.
2 – A mesa voadora, de Luis Fernando Verissimo. Tudo de bom. Não tenho coragem de não selecionar umas frasinhas. Poucas, juro. Quem quiser ler, taqui.

Nada a ver com o assunto, mas preciso publicar duas conversas minhas com a Vaidade.

Primeira (depois de eu sugerir uma pequena maldadezinha):
Vaidade:
_ Ah, mas aí eu fico com peso na consciência...
Eu:
_ Não, pra isso você precisaria ter uma consciência.
Ela:
_ Mas eu tenho! E pesa muito, tá! Você acha que isso aqui é tudo gordura? Pelo menos 80% é consciência pesada!
...
No dia seguinte, ela:
_ Você não quer refrigerante?
Eu:
_ Não, porque senão eu vou ficar gorda igual a você!
Ela:
_ E nem vai poder dizer que o peso é da consciência, porque você nem tem consciência.

Segunda:
Pegamos os dois últimos pedaços de bolo de chocolate que estava à venda. Passa um cara e fala pro amigo:
_ Nossa, eu quero um bolo desses.
Eu:
_ Acabou. Se quiser, te vendo esse por 5 reais.
Riram e saíram pra lá enquanto comíamos o bolo. Quando voltaram, estávamos acabando. Um deles falou:
_ Ou, eu queria um pedacinho do bolo!
A Vaidade:
_ Se quiser, te deixo lamber o pires por 3 reais...

(Depois dizem que eu é que sou má...)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Programa de Lulu


Aventura nova. Preciso contar aqui. Essa semana resolvi ir a uma daquelas academias só para mulheres. Depois que recebi o convite pra aula experimental, adiei por umas 3 semanas, mas até que enfim me enchi de coragem e fui. Só Deus e meus amigos sabem como odeio fazer exercícios. E ficava pensando: o que eu vou fazer numa academia que só tem mulheres? O mesmo que na que tem homens, né: exercícios!
Então, cheguei lá com uma roupa o mais geração saúde que consegui: blusa de malha, calça de moletom e tênis. Fiz um esforço master pra não ir a um shopping próximo fazer uma boquinha. Fiquei sem graça de ingerir 1500 calorias de uma só vez antes de ir malhar.
A academia não só não tem homens como também não tem espelhos. Jesus amado! Disse o povo lá que é pra não ficarmos nos comparando com as outras. Deveriam distribuir viseiras de cavalo também, pra não olharmos pro lado. Não que desse vontade, mas tudo bem.
Fui super bem atendida na chegada. A moça comprou com sorrisos a minha disposição pra preencher uma ficha enorme. Pelo menos era ela que escrevia, e não eu. Ela perdeu um ponto comigo ao fazer cara de espanto quando eu falei que era engenheira, mas ganhou outro pela babação de ovo quando eu disse que fazia dança de salão. Parece que todo ser vivente é doido pra fazer dança de salão. Faça então, ué!
Minutos depois, veio a professora. Linda, linda, linda. Tinha um nome que parecia inventado. Vou explicar: Tem certos nomes que nenhuma mãe, por mais hippie que seja, nunca vai colocar num filho, mas que muita gente adoraria ter. Se uma mulher olha pra minha cara e diz que se chama Lua, por exemplo, eu não consigo não rir na cara dela. Nada pessoal. Nada contra a lua.
Coitadas, não as culpo por inventar um nome. Muito pouco fashion dizer: Boa noite, sou a Creonice, sua professora. Eu entendo perfeitamente.
Ah, eu falava da lindeza da mulher. Nó, tudo, corpo perfeito sem ser sarada, olhos azuis, cabelos chiquérrimos, só era... pequena. Nada anormal, só acho que se ela tivesse, assim, a minha altura, seria perfeita. Tenho que admitir que me fez muito bem olhar toda aquela boniteza de cima. Me deu coragem pra começar, acho.
Então comecei. Lá os exercícios são feitos em circuitos, você passa só um tempinho em cada aparelho. As pessoas agitadas devem adorar, hahaha!
O circuito total dura no máximo meia hora. Fiz meio circuito. Nível aula experimental embolado com vida sedentária.
Não precisa ficar contando as repetições nem marcando o tempo de cada exercício. Fica passando o tempo todo uma música meio tuts-tuts e, de tempos em tempos, vem uma voz no meio da música que diz: “Mude de estação”. Era quase igual escravos de Jó, todo mundo mudava de aparelho. Óbvio que eu, com meu avoamento, em geral não prestava atenção e a professora precisava me lembrar.
Como assim eu não tive que fazer nenhum abdominal? A-do-rei! E há quantos anos eu não pulava corda? Pois pulei. Bonitinho. Deixei o desengonço pros outros aparelhos.
Tinha uma mini cama elástica igual à do Professor Aloprado (aquela em que ele não consegue pular, pois é tão gordo que ela afunda). Aprendi que ela chama jump.
Há pouco tempo fiz uma aula de hidroginástica com minha mãe e fiquei morrendo de dor no outro dia, como se tivesse tomado uma surra. Depois do circuitinho não fiquei! Milagre! Só fiz meio, claro, mas adorei. Estou me sentindo super bem. Obviamente não vou começar a freqüentar a academia, pois ela é caríssima. Sempre a falta de grana me chamando de volta à realidade...
Nossa, não posso esquecer de contar o mais legal: Tinha um outro equipamento muito interessante. Tipo um puff de uns 40 cm de altura, e em cima dele tipo um poste acolchoado. Pra chutar. Que delícia! Tinha que chutar com o peito do pé, dar dois passinhos e chutar de novo com o outro pé. Eu estava achando lindo, doida pra ter um daqueles em casa, mas daí eu estava na bicicleta e tinha uma mulher - preciso falar que ela é gorda? Não, né, maldade – chutando esse. Tava fazendo o maior esforço e não tava conseguindo chutar forte. Daí vira a outra e diz: “Finge que é o seu marido, boba!” A partir daí, a mulher chutou tanto que matou o Dhalsim do Street Fighter de inveja.
Tenho preguiça dessas mulherices. Não sou sexista, de forma alguma. Tem umas homenzices e uma bichices de que também tenho preguiça. Claro que gosto da maioria das bichices, tolero várias homenzices e morro de preguiça das mulherices. Sim, talvez eu seja preconceituosa. Mas precisa ter essa atitude tão estereotípica, do tipo “Sou mulher, sou casada, por isso tenho que odiar meu marido”? Ridículo. Mas adorei a academia.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Lazer de pobre é... tomar um bolo pra ir à livraria


Ontem relembrei os velhos tempos. Uma parte dos velhos tempos não muito confortável de lembrar, diga-se.
Marquei com um moço um lanche no shopping. Ele fez o favor de não ir. Tá, me avisou. Em cima da hora, claro. E eu e minha chatice com horário já estávamos lá quando ele ligou.
Conviver é isso, dar chance para o outro te matar de raiva.
Normalmente eu praguejaria e ficaria de mal, puta e com ódio da pessoa, mas decidi agir polianicamente e ver o lado bom da coisa. Tinha uma hora inteirinha pra passar numa livraria!
Ah, é, a relação com os velhos tempos: num passado não muito distante, eu namorava um moço que sempre chegava atrasado. Enquanto ele me deixava esperando, eu passava muito tempo mesmo em livrarias. Por esse motivo não muito nobre, eu conhecia vários atendentes da Leitura do Shopping Cidade, por exemplo, de tanto tempo que passava lá. Inclusive li O Diabo Veste Prada todinho lá, em quatro vezes sem juros.
Então, eu, que normalmente lancho em 15 minutos ou menos, tinha uma hora só pra mim. Que lindo! Lanchei nos 15 minutos habituais e marchei pra Siciliano.
Vi que estou mesmo ficando cada dia mais pobre culturalmente. Esse tempinho sem visitas a livrarias fez com que eu ficasse maravilhada com tantos títulos inéditos para mim.
Em geral eu ia pra livraria com uma listinha mental de pelos menos uns 6 títulos/objetos de desejo e agora nem sabia o que estava vendendo direito. Aproveitei pra dar aquela panorâmica, olhando o máximo que consegui. Se bem que com minha memória de Dory, quando vejo o terceiro livro, já esqueci o primeiro. Nada grave.
Vi um livro interessante que fiquei com uma vontadinha de comprar. Não tinha um título super sofisticado. Na verdade, era o tipo do livro que eu teria vergonha de ler no ônibus ou então colocaria um post-it na capa em cima do título escrito “Leitura para fins de pesquisa”, para não queimar o meu filme. Sim, tem dias em que eu me preocupo com os outros pensam. E esse era um desses dias.
Mas vontade é assim, é só esperar um pouquinho que ela passa. Tá, nem sempre, mas ontem funcionou. Mesmo porque todo o dinheiro que eu tinha na bolsa era o de pagar um jantar a que vou no sábado. Odeio ser pobre...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Todo back up é necessário

Todo mundo sabe no que consiste um back up (aliás, existe uma única palavra em português para isso??? tipo randômico = aleatório)... ultimamente, tenho feito pelo menos 3 back ups diferentes...não, não é loucura! é medo mesmo... geralmente, mando pro meu email...salvo no meu pen drive...e por fim, gravo num cd regravável (obrigada senhor pelo cd regraváve!!!)... caso o Yahoo não abra ou não tenha internet, tenho o pen drive...caso o computador não tenha entrada para usb, ainda existe isso!, tenho o cd! Agora se o cd não abrir, aí eu sento e choro literalmente!

Mas por que eu estou falando isso???

Simples porque outro dia estava conversando com a Ira e falei que fiz um back up de um número para o qual eu não posso ligar...

Deixa eu explicar melhor... A situação é a seguinte: Primeiro, você conhece uma pessoa...depois como pessoas normais e civilizadas vocês saem para conversar e descobrir se vocês podem vir a constituir uma família...Pára! Estou falando daquela avaliaçãozinha de compatibilidade de gênios, mente suja! Então, você passa no teste, vocês continuam saindo...num desses “dates” você, com o mau-humor do capeta, resolve ser mais introspectivo...daí em diante tudo muda...até o dia em que você liga e a pessoa escolhe não te atender ( e não me venha com o celular pode ter sido roubado, afinal email, orkut etc existem para isso!). Bem, como orgulho pouco é bobagem, você resolve apagar o celular da pessoa... Mas vai apagar assim???vai que ele(a) volta e diz que foi roubado(a)???? Solução perfeita: back up!!!Você pega um super amigo(a) – atenção para o super, não vale amigo de buteco, esses nunca levam a sério nossos pedidos de não me deixa ligar, aliás, ou eles te incentivam ou eles te desafiam...péssimo! aí, você manda ele(a) salvar o número no celular dele(a)...Pronto! Você pode apagar o número, as mensagens e a lista de números discados, porque é feio roubar nessas situações! E caso precise, você tem onde procurar!

Agora conta pra titia, muito estranho isso??? Sinceramente, acho que a Ira é que é muita juninha!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Aiai...


Ontem cheguei à escola de dança atrasada (3 minutos são atraso sim, não vou nem entrar no mérito) com um copinho de meio de litro de um desses aí do lado - o de morango-, casualmente com o nome virado para fora.



Pessoa 1:
_O que é isso que você está tomando?
_Milkshake.

Pessoa 2:
_Nossa, mas o canudo desse negócio é enorme, parece um cano!
_É, é porque o milkshake é muito viscoso, e se o canudo for fino a gente não consegue puxar.

Pessoa 3:
_Nossa, mas você só come porcarias, hein!
_Não, na verdade almocei bastante vegetais, fibras, proteínas e grãos, isso é só um lanche

Pessoa 4:
_Credo, mas você toma milkshake com esse frio?
_ É, eu até prefiro, porque reduz o choque térmico e não desestabiliza logo.
_Mas você está de blusa de frio! (É, parece que essa pessoa não ouviu a resposta...)
_Eu só quero tomar um milkshake, não quero morrer de hipotermia.

Pessoa 1 de novo:
_ Mas por que você não comprou o de ovomaltine? Dizem que é o mais gostoso.
_ Porque o de ovomaltine não é rosa...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

XADREX, TRUCO E OUTRAS GUERRAS


Conforme prometido, vou escrever sobre meu livro predileto: Xadrez, Truco e Outras Guerras, de José Roberto Torero.
Cheguei aqui hoje e vi o post da Maria Bonita, dizendo que comprou o livro. Não quero estragar a surpresa, mas preparei um materialzinho. Tá no link aí embaixo.
Uma espécie de trailer do livro. Se bem que não troco uma boa leitura por um filme, de jeito nenhum.
Pelamordedeus, ninguém pense que eu cheguei aqui, vi o post e desembestei a ler o livro, marcando coisinhas legais e digitando pra colocar aqui. Estou fazendo isso há alguns dias, na verdade.
Já havia lido esse livro algumas vezes, várias. Ele está até meio estropiado, pois passa bastante tempo no canion que é minha bolsa, e já o emprestei pra dezenas de pessoas, que são ameaçadas de morte caso não devolvam e tal. Nunca me canso de relê-lo.
Não vou dizer que o livro está à disposição de quem o quiser, unicamente porque a maioria dos livros e cds que perdi foi porque emprestei pra alguém de que não me lembro. Por mim, teria colocado aqui um link para baixar todo o livro, para que quem quisesse pudesse ler. Já falei aqui que sou a favor da pirataria?
Ai, preguiça de falar sobre assuntos polêmicos aqui, mas vamos lá. Defendo o download de livros e músicas, assim como o xerox de livros, para que pessoas como eu tenham acesso a todo tipo de informação.
Enfim, não achei o livro disponível para download, então fiz um apanhado de umas frases. Coloquei esse apanhado em link para que só seja lido por quem realmente desejar. Não quero que ninguém diga: “Ah, eu estava lendo o post, e de repente você contou todo o livro...” Se me disserem que clicaram no link sem querer, vou ter que pré-diagnosticar Síndrome da Mão Alienígena (sim, é uma doença que existe de fato, pesquise ou olhe aqui.)
Eu recomendo a leitura. Do meu apanhado e do livro, em qualquer ordem. Claro que não contei todo o livro, né, óbvio. Só mesmo pra dar um gostinho, uma vontade de ler. Inseri inclusive uns pequenos comentários entre colchetes - [ ], pra quem não lembrar o que são colchetes – e suprimi outras partes, pra não entregar demais a história.
Ah, é, falar do livro! Livro fantástico, leitura fácil, é da Coleção Plenos Pecados, fala sobre a Ira, é ambientado numa guerra e nenhum personagem tem nome.
Favor não considerar o “trailer” como o livro lido, ok?

TAQUI.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Estilo literário


Esse post é para, entre outras coisas, acabar com o barraco virtual que se instaurou aí embaixo. Enriquecedor, claro, mas já deu o que tinha que dar. Até mais, sob alguns aspectos.
Tenho recebido alguns comentários (a maioria construtivos, ainda bem) sobre o meu estilo literário. Antes que se perguntem “Mas onde?” devo informar que este blog recebe umas três vezes mais visitas que comentários, e tenho amigos que preferem comentar via e-mail, telefone, msn e tal. Nada contra, não me importo. Nem todo mundo gosta de publicar suas opiniões.
Enfim, o que tenho recebido com mais freqüência é: “você escreve do jeito que você fala”.
Pausa para reflexão (minha): isso é um elogio ou uma crítica? Posso escolher? Então vou encarar como um elogio. Essa visão diz uma dessas coisas:
- Eu escrevo e falo mal; ou
- Eu escrevo e falo bem.
Qualquer que seja a idéia, pelo menos diz que eu sou coerente, né? E isso não deixa de ser bom.
No entanto, tenho que discordar em parte. Acho que eu não escrevo sempre do jeito que falo, mas o contrário, tento (com afinco, mas sem muito sucesso) falar do jeito que escrevo. Vou explicar. Difícil.
- Falar do jeito que escrevo:
Não acho muito difícil escrever corretamente, principalmente com recursos como dicionários, gramáticas e amigos-inteligentes-a-quem-posso-perguntar sempre à mão. Mas falar é muito complicado. Claro, tento falar com o máximo de correção possível, evitando construções como “nós foi” e “nós vai”, mas uso bastante “levar ela”, por exemplo. Acho pedante falar certo demais. E cansa, acho.
- Escrever do jeito que falo:
É impressão. Fato é que eu escrevo muito rápido, o que me possibilita meio contar a história pro teclado, dando uma impressão de oralidade. O chato é que tenho que suprimir algumas coisas. Palavrões por exemplo. Quem me conhece sabe que eu falo muitos, vários, mas tenho tentado não exibi-los aqui. Tem uns que eu acho que se escrevesse aqui, ia perder um pouco da moral. Mas bom eu avisar, para que no dia em que eu, sem querer, descer do salto, ninguém se assuste.

Falando em estilo literário, essa é uma das coisas que eu mais observo quando leio. Inclusive quero informar que o melhor livro que já li, em enredo e também em estilo é “Xadrez, Truco e Outras Guerras”, do José Roberto Torero. Vou falar dele depois. Outro dia. Em outro post. O fato de ser um livro sobre a IRA não é mera coincidência.

P.S.: Já pensou se eu começo a escrever aqui frases entremeadas por “caralho” ou algo assim? Puta que pariu, ninguém merece, né?

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Desculpe!


Sei que fiquei de falar sobre o NÃO, mas não assinei nada me comprometendo, o que me deu o direito de mudar de idéia. Vou falar sobre o DESCULPE.
Odeio essa palavra (novidade). Na verdade, odeio quando ela é usada do fundo do coração. Só acho-a útil se for pra ser proferida mecanicamente. Não estou louca. Vou explicar. Se você esbarra numa pessoa, por exemplo, é socialmente recomendado murmurar desculpas (Sim, algumas amarras da sociedade são importantes, claro. Vááárias).
Eu, principalmente, que faço aula de dança de salão, piso ou sou pisada todo o tempo. E em qualquer das situações, peço desculpa (quem já dançou comigo sabe que eu peço desculpas a cada 3 segundos, em média. Sim, eu danço mal.) Os alunos, na verdade, costumam ter as seguintes reações frente às minhas desculpas:
- Quando sou eu que piso, peço desculpas e eles aceitam, falando algo como “Não, tudo bem”, “Tem problema não” e afins. E aceitam as desculpas, achando que são sinceras;
- Quando eu sou pisada, peço desculpas e eles riem. Em geral não falam, mas pensam algo como “Mas fui eu que pisei no seu pé!”. E ignoram minhas desculpas, achando que não são sinceras.
O que a maior parte deles não sabe, ou não aceita, é que quando eu sou pisada é que sou culpada. Algo como devia-ter-tirado-o-pé-antes,não-tirei-entao-a-culpa-de-ter-sido-pisada-é-minha. Mas, pra não entrar no mérito (claro que não vou iniciar uma discussão dessas no meio da aula de dança), acabo pedindo desculpas nos dois casos. Inclusive quem tem muito a manha de dançar ignora minhas desculpas em qualquer dos casos, sabiamente.
Essas são as desculpas de que gosto, pronunciadas apenas por dever social, sem intenção de reparar algum dano, só mesmo pra não ficar aquele silencio constrangedor de acusação mútua.
Agora, por que não gosto de desculpas do fundo do coração:
Odeio o fato de as pessoas acharem que desculpas têm o poder de consertar ou mesmo curar. Tenho verdadeira vontade de matar alguém que me fere profundamente e depois vem todo bonachão com uma braçada de desculpas. E ainda se ofende se você não as aceita! Quem está pedindo desculpas não só fez algo desagradável como se sente no direito de exigir a sua compreensão!
Exemplo (claro que esse é um exemplo muito fraco para ilustrar a parte do “me ferir profundamente”, mas fala da última cobaia que achei pra testar minha teoria e por isso vou usá-lo):
Essa semana fui a um show. Veio passando uma mulher imensa e deu um bicudo no meu pé tão forte que não deu pra eu não dar um semi-xilique (peguei meu pé e fiquei falando “Aiaiaiaiaiai...”).
Ela parou, segurou no meu braço e disse. “Descuuuuulpe!” (bem miado). “Desculpe, por favoooor! Doeu, ne?”
Falei: “Ah, não vou desculpar não, não vai parar de doer!”
A mulher, estupefata, disse: “Então foda-se!”
E eu, já esquecida do pé, e como a mulher tinha ficado parada na minha frente esperando uma resposta, falei, bem calminha (finge): “Também não vai fazer parar de doer – Viu como pedir desculpas tem o mesmo efeito de falar foda-se?”
Ela saiu pisando duro. Do mesmo jeito que uma outra mulher que me queimou com o cigarro num outro show no ano passado, com quem tive um diálogo semelhante.
Queria que as pessoas entendessem que desculpas não saram. Queria que as pessoas parassem de achar que essa palavra é mágica e desfaz as coisas, resolve tudo. Parar de achar que se alguma coisa foi feita e causou prejuízo a outrem sem intenção, pode ser consertado com desculpas.
1 – não pode
2 – falta de educação não pode ser anulada por desculpas. Nem por beijos. Nem por flores. Nem por chocolates... Ta, nem por chocolates. Se fosse assim, as pessoas pensariam “Posso ferrar fulano à vontade, depois é só fazer um agradinho e tudo ficará bem de novo”. Não dá certo. Não comigo.
3 – a intenção não faz a menor diferença. Por acaso se alguém planeja enfiar o dedo no seu olho ou faz isso sem querer a dor é diferente? Se alguém te assassina ou te dá um tirinho sem querer você não morre do mesmo jeito? As desculpas te ressuscitam em algum dos casos?

Vou escrever mais sobre desculpas depois. De verdade. Não quero que este post fique enorme e venham reclamar comigo de novo depois. Enquanto isso, queridos, economizem desculpas direcionadas a mim, ok?