quinta-feira, 19 de junho de 2008

Sobre nada


Voltando de férias, que coisa mais diferente!
Sempre odiei férias. Mentira. Na verdade, sempre que estava muito cansada, ansiava por elas, mas logo no segundo ou terceiro dia já enjoava e queria logo voltar à labuta (adoro essa palavra!). Na última vez em que tirei férias totais (de escola, trabalho, dança e tudo mais ao mesmo tempo), adoeci de tal forma que não tenho como não responsabilizar o ócio como parte do que me fez mal – além de uma ou outra voadora que o destino me deu na mesma época.
Fato é que adorava estar ocupada. Longe de ser workaholic, só acho que eu não sabia ficar à toa.
Até essas férias.
Sou uma daquelas pessoas que não vive sem agenda. Aniversários, compromissos, prazos, tudo eu anoto. E além do planejamento grosso, que é como eu chamo o que escrevo na agenda, tem também o fino, que é um papelzinho de mais ou menos 7x10cm em que escrevo a cada manhã o planejamento diário.
Não sou doida não. Mas fico meio brava quando não consigo cumprir meu rol. Na verdade quase sempre consigo pois, depois de anos de prática, nele já conto com variáveis como o tempo que posso passar esperando o ônibus e outras “perdas” assim. Porque se é pra ter neurose vamos ter direito, e a minha listinha diária vem com horários de inicio e término das tarefinhas. Mas enfim.
Entre os nadas que fiz nessas férias, reli "O retorno e terno" do Rubem Alves, gracinha de livro fofo. E me chamou muito a atenção uma crônica sobre o fazer nada, cujo link vou colocar no final do post, que é pra não interromper a leitura de ninguém. Não achei o texto na web (pasmem!) e me dei o trabalho de digitá-lo todo. Nem to reclamando, foi uma tarefa agradabilíssima.
Leiam o texto depois, é uma gracinha. Tem uma parte em que ele cita o Nietzsche que foi um tapa na minha cara. E, ironia ou não, a minha agenda 2008 tem a capa verde como a do Rubem Alves...
Vi umas comédias românticas nas férias (adoro também). Numa delas um cara fala pra Cameron Diaz: "Você faz planos para fazer planos!". Essa doeu.
Em outra, uma mulher fala pro lindo do Ryan Reynolds:"Nunca passei um dia inteiro com um cara legal". É, fazia tempo. Idéia boa, principalmente pra quem começou a namorar num período atribulado de trabalho, provas e tudo mais.
Até a velocidade com que falo e a freqüência com que interrompo as pessoas denuncia a minha inquietação. Mas isso vai ser assunto de um post inteiro. Depois.
Agora, se alguém me perguntar o que é que eu mais gosto de fazer, vou encher a boca pra responder: “NADA!”
O problema foi que aprendi tão bem a ficar à toa que logo no primeiro dia de volta ao trabalho, gastei uns minutos fazendo as contas de quanto falta pra eu me aposentar.
Se a legislação não mudar até lá, me aposento em 2036.
Mal posso esperar.

Não deixe de ler o texto do Rubem Alves. Além de super valer a pena, fui eu que digitei, né. Aqui.

3 comentários:

Adriana Rodrigues disse...

Eu tava hoje pensando com meus botões que meus alunos não suportam o silêncio porq não sabem direito o que fazer com eles mesmos quando não tem niguém pra mandar e eles desobedecerem. Triste isso, não? Que bom que você encontrou o ócio prazeroso...

Anônimo disse...

1- que seus alunos e restante da ppulação do mundo não consegue ficar mais de 10 segundos em silencioo....ne?????

2- ira! pelamor de Deus faz uma agenda dessa p mim!!!!

Janaína disse...

Maria Bonita: eu sou igual aos seus alunos...

Anoca: faço nada! pois se to querendo me livrar da minha! Ou vc quer ter "uma agenda no lugar da alma"? Pode não.