segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Ex post


Outro terminho novo que aprendi. Em latim, claro, porque agora eu to assim, chique.
Aprendi na prova ontem. “Ex post” é posterior, assim como “ex ante” é – adivinhe! – anterior. Viu como latim é obvio?
Vamos às respostinhas coletivas:
_A prova tava difícil?
_Sim.
_Você acha que passou?
_ Não faço idéia.
_ O resultado é quando?
_ Em 90 dias, se a lei não mudar nesse período, como aconteceu há pouco tempo.
Detalhes sórdidos:
Claro que eu sabia que essa seria a prova mais difícil ever, mas tava tranqüila quanto ao fator que me arregaçou na etapa anterior: o tempo. Seriam só duas questões, rápido e indolor, eu ia terminar rapidinho. Mas aí a aplicadora põe a prova na minha mesa. Virada pra baixo. Vejo a numeração na última página, quase chorei: 16. 16 páginas de prova? Era pegadinha, né? Quem gasta 16 páginas pra escrever o enunciado de duas questões? Só o enunciado, porque o caderno de respostas era outro!
Ai, meu Jesus Cristinho! Por que eu trouxe 500 mL de suquinho de maracujá e não um coquetel de Coca Cola com café??? To ferrada, não vai dar tempo.
A carteira era daquelas mais vagabundas, de braço. Que só cabe o braço mesmo, né, porque quem sou eu, toda a minha largura, canetas, bolsa, lanchinhos, suco, água, balas, lencinhos, e mais os dois cadernos, um de questões e o outro de respostas, sendo que o segundo era o que eu tinha que devolver, sem dobrar, nem amassar, nem sujar, nem nada, como???
Tirei o grampo que prendia o caderno de questões. Tive que pedir autorização e tudo, claro, mesmo a prova sendo minha. Toda hora uma das minhas coisas caía.
A prova tava grande sim, mas tava tranqüila. Teve uma das questões que tinha 2 entraves:
1 – não falava qual a proposição queria
(Parêntese: pra quem não sabe, a prova era de redação parlamentar. O edital do concurso já tinha me contado que a questão de redação poderia ser “a elaboração de proposição – projeto de lei ordinária ou complementar, projeto de resolução, proposta de emenda à constituição, emenda ou requerimento -, de ofício ou de pronunciamento.”. Viu por que eu chamava de prova twist carpada??? Fecha.)
Então, a questão não falou qual proposição queria. Contou uma historinha e mandou editar uma norma usando a proposição adequada. Diliça. Ainda bem que minha mãe Diná interior tava de serviço, senão, nem sei.
2 – pedia uma justificação pra proposição de 30 a 40 linhas.
Jesus, fiz um bocado de exercícios, e todas as minhas justificações davam 3 a 4 linhas. Fiz uma de 7 linhas outro dia, mas meu orgulho só durou até eu perceber que tinha repetido coisa. Claro, porque eu escrevo posts enormes, mas me dava uma preguicinha de justificar pertinência de lei... Então. Escrevi. 37 linhas.
A segunda questão teve uma surpresinha. Dizia o edital que a segunda seria “revisão de texto de proposição - projeto de lei ordinária ou complementar, projeto de resolução, proposta de emenda à Constituição, parecer, emenda ou requerimento -, de ofício ou de pronunciamento.”.
Como todos puderam notar, tá, duvido que alguém que não estivesse fazendo a prova tenha notado, mas a única proposição que poderia ter na questão de revisão que não teria na de redação era “parecer”. Logo, todos nós, eu e meus espertos concorrentes, concluímos que a revisão seria de parecer. Senão, pra que ele ia aparecer só na parte da questão de revisão, né? Né não. Veio um pronunciamento.
Mais fácil? Sim, pra mim e pra todo mundo que não estudou nada. Tinha uns 6 tipos diferentes de pareceres, e eu sabia todos, ódio.
Li o pronunciamento quase até decorar. A cada vez que eu lia, achava mais uma coisinha pra mexer. TOC dos infernos.
Quando a aplicadora avisou que faltavam 15 minutos, eu parei e entreguei. Odeio que puxem a prova da minha mão.
Ou, a sensação de terminar um concurso desse tamanho – 3 etapas que vêm rolando desde o início do ano – é um negócio maravilhoso, difícil até de descrever. É uma sensação parecida com a que eu tive na minha formatura, um gosto de dever cumprido, de pronto-acabei. Meio “sim, isso não garante nada, mas pelo menos não tem mais nada que eu possa fazer a esse respeito agora”.
Agora tenho que esperar. E enquanto espero, tenho tanta coisa inútil pra fazer! Ontem por exemplo, depois de dormir a tarde inteira, fiquei vendo videozinhos de bobagens no youtube. Não que eu não visse antes, mas é ótimo fazer isso (ou qualquer outra coisa) sem a sensação de ao-invés-de-estar-fazendo-isso-eu-deveria-estar-estudando-como-aposto-que-estão-fazendo-os-meus-concorrentes.
Ainda bem que aprendi a valorizar o ócio antes de envelhecer.
Ócio assim, né, to trabalhando horrores – mudando de trabalho, aliás – voltei pra dança, peguei um serviço imenso de revisão pra fazer... a diferença é que agora eu vou ter um tempinho pra mim. Vou ter mais tempo pra sair pra bater papo com os amigos (tadinhos, eles não agüentam mais me ouvir dizer “não posso, tenho que estudar”), vou mamar na minha mãe l’em Guanhães no fim de semana que vem, vou arrumar meus armários, vou dar atenção direito pro meu namorado, que vai descobrir essa semana o que é me namorar sem o stress do concurso – ele só me conhece há pouco mais de 3 meses.
Sério, to pensando seriamente em dar um tempinho com esse negócio de concursos. Pelo menos até o final desse ano. (Claro, vou aproveitar a maré baixa devida às eleições...)
Caso eu passe nessa prova que fiz ontem, o que muito desejo, mas realmente não sei se é possível, talvez eu dê até um tempão. Quem sabe, né?

4 comentários:

Unknown disse...

Legal por demais o EX POST

Parabéns por ter chegado até onde chegou. Se o destino tiver reservado o lugar pra você, não tem colé! Bom que você voltou!....

Pronto. COmentei, viu?

Janaína disse...

Adorei, viu.

Cadê o Revisor? disse...

90 dias de espera? Que agonia! Boa sorte.

Beijo,

Pablo
http://cadeorevisor.wordpress.com

Janaína disse...

Pablo tá agoniado.

Imagine eu!
Rs