Ideograma RESPEITO
Lembrei e contei pras meninas a história de quando fui à sala dele tirar uma dúvida, graçazadeus acompanhada de Alan e Heloisa, pra minha sorte, e após o esclarecimento, quando agradeci, o palhaço disse:
_ Brigado nada, pode tirar as calcinhas.
E rachou os bicos. Acho que ele queria que entendêssemos que aquilo fora uma piada. Não achei. Odiei. Folga demais, lugar inapropriadíssimo pra piada, não éramos amiguinhos e pior, ele era meu professor. Na época não apelamos e nem fizemos nada a respeito, só nunca mais fomos à sala dele.
Anos depois, eu lia um livro. Claire, a heroína de Melancia, estava no médico fazendo seu check-up pós-natal de seis semanas:
“_ Ahn, quando posso tornar a fazer sexo? - deixei escapar de repente.
(Ora, por que perguntei isso?)
_ Bem, suas seis semanas passaram, então a qualquer momento que quiser - disse ele, cordialmente. - Poderia começar agora mesmo!
Atirou a cabeça para trás e gargalhou alto, depois parou abruptamente, enquanto visões do Conselho de Medicina e moções para que ele fosse cassado passavam pelo seu pensamento.
Há uma linha divisória muito fina entre um comportamento aceitável por parte do médico para com sua paciente e uma insinuação obscena.
Talvez o Dr. Keating ainda não tivesse captado inteiramente a diferença.”
Me deu vontade de escrever sobre respeito. Do quão fino é o limiar entre a gracinha e a falta completa de respeito, de noção, do que quer que seja.
Tomara mesmo que ninguém comente esse post, escrevi ele só pra mim mesmo.
Porque eu odeio pessoas que não sabem brincar.
Principalmente as que desconhecem os limites das brincadeiras.
E odeio quem distribui eu-te-amos ao vento.
E tambem quem acha que tem liberdade pra fazer o que quiser em relação às pessoas, por mais íntimas que pareçam.
Nem quem acha que tem direito de ficar com raiva por coisa que ele mesmo começou.
E detesto surpresas. Todas.
E estou triste e de péssimo humor.
E não quero falar mais a esse respeito.