quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Diploma (em guanhanês arcaico, "depluma")


Resolvi atender a sugestão da Thays, de "colocar o diploma aqui no blog como atestado de 'ó, sou inteligente ou quase isso...'"

Pus um pedacinho dele aqui, diz o povo que não podia publicar ele inteiro, que alguém podia pegar e falsificar, o escambau. Nossa, que burra que eu sou, nunca ia pensar numa coisa dessas! Mas taí, um pedacinho do meu diploma e da minha vida, inda rabiscado de fúcsia pra dificultar a vida dos estelionatários.

Pois é, fui lá na Escola de Engenharia da UFMG buscá-lo. Nem é mais o prédio em que estudei, de tanto tempo que tem. Custei a achar a Seção de Ensino. Gente, mas que meninos com cara de meninos! Assim, de crianças, mesmo. Velhice é uma merda. Dizem.

Bom, fiquei esperando a sensação mística que dizem que a gente tem quando pega o diploma. Esperei no mínimo luzinhas coloridas e sinos tocando. Continuo esperando... Aconteceu nada. O diploma ou o papel que enrola o pão, qual a diferença? E custou no mínimo 5 anos da minha vida, neeem.

Outro dia meu colega zoava outro: "Ele começou a estudar pro vestibular na 5ª série!" Nem ri. Por que será? Sim, já fui nerd um dia. Lá em Guanhães nem tinha nerd, era cdf. Lá eu estudava tanto, tanto, mas tanto, tenho medalhas de melhor aluna de todos os anos do primeiro grau que estudei lá. Pra que isso? Pelo menos serviu pra eu passar na melhor escola técnica do estado depois. Lá chegando, encontrei pessoas ótimas que mostraram que eu podia tirar 60, nao precisava tirar 100. Aí, pra desespero do meu povo, eu comecei a ser medíocre com as notas. Mas comecei a ter vida social também. Não tão medíocre a ponto de perder a vaga pro curso mais difícil da escola. Formei lá, fiz um vestibular só e passei na melhor faculdade ever. Pra quê? Inda bem que só comecei a ter essas crises bem no final do curso, porque isso é o tipo de dilema que faz neguinho largar a faculdade. Não larguei, formei. Formei no desespero, fazendo muitos créditos no final do curso porque tava com pressa de iniciar uma aventura mirabolante que qualquer dia conto pra vocês aqui.

Enfim, toda essa crise me fez lembrar de uma historinha da minha Mãe Dindinha (minha avó) a esse respeito. Tive que ligar pra ela (que está otima, obrigada, do alto de seu 1,5m e 85 anos). Ela me contou a história por telefone e eu tentei contar aí embaixo com o máximo de fidelidade. Deleitem-se:

A história do “depluma”


Contada por Mãe Dindinha


Os pais da minha mãe dindinha puseram os irmãos dela pra estudar. (Só os homens, claro. Minha dindinha só foi estudar aos 40 e muitos anos)
Os vizinhos não quiseram estudar os filhos.
A Bisa Maricota (mãe da mãe dindinha) aconselhava-os dizendo que estudar era importante, que estudo fazia muita falta e tal. Não adiantou, eles não quiseram.
Então os irmãos da minha mãe dindinha estudaram. E tiraram diploma.
Um dos irmãos gostava muito de montar burros bravos. Logo depois que este irmão se formou, o vizinho falou alto pros filhos dele:
“Olhem só, o menino do vizinho estudou, tirou o ‘depluma’, agora ele monta nos pêlos das éguas, ela pulam por todo canto com ele e ele não cai!”


Vou pensar seriamente se vou fazer vestibular mesmo no final do ano. Melhor guardar um ou dois diplomas? Saco.

3 comentários:

Anônimo disse...

"depluma".....isso é maravilhoso hein. eta povo engraçado

Vaidade disse...

1- a.do.ro o fato da sua mãe chamar Joana + D'Arc!!!
2- hoje fui na fafich e tb tive a sensação estou ficando velha...não nada mudou por lá, mas sinto que estou com a cara de quem está passando da hora de formar...ahhh neeeeem!
3- se com meu diploma eu conseguir montar em égua e não cair, já vai ter valido a pena!!!

Caio disse...

Eu já sei montar!
Será que posso largar tudo?

E, aqui, não vem com esse papo de nerd arrependido não porque tudo que eu NÃO preciso agira é desse tipo de discurso!
Preciso acreditar que isso tudo é MUITÍSSIMO importante para uma completa formação psico-cívico-social-intelectual!
Não posso largar tudo antes do primeiro crédito, ne!?

E, não sei se é mais divertido, mas tambem é super estranho se sentir o mais novo de um prédio!
As pessoas já olham para você (sor)rindo!
Só não sei, ainda, se estão rindo de mim, para mim ou comigo!

=/