terça-feira, 27 de novembro de 2007

Inspiración



Fui ontem a um show de flamenco. Não, não morro de amores, mas é que uma das pessoas que se apresentou é minha amiga há 15 anos e arrumei excelentes companhias pra ir assistir. 4 pessoas lindas, 2 dos quais eu já conheço há muito tempo e amo muito e outros 2 recentemente conhecidos, mas tão gracinhas que já gosto também.
Comecei chegando em casa um pouquinho mais cedo que o habitual e vi o final da Sessão da tarde, tudo de bom. Saí, tive a rica experiência de encontrar uma louca no ônibus (um dia eu conto aqui, num apanhado dos loucos dos ônibus que eu pego). Consegui sair com uma bolsinha pequenininha, mais chique do que o embornal tamanho jumbo que costuma me acompanhar. Daí eu lembrei por que: não coube nada na bolsa! Tá, coube quase tudo, exceto a sombrinha. Ah, mas não devia chover, né?
Imbecil que eu sou. Antes de descer do ônibus, começa o toró. Eu, a despeito de toda a minha “tosquice” interior, estava de cabelo escovado, o que significa que não podia tomar chuva de jeito nenhum. Desci do ônibus de um pulo e corri como um felino etíope pra debaixo da marquise mais próxima. Até que surge um menino na minha frente de repente dizendo: “Sombrinha, moça?” Depois de engolir o chiclete de susto, tive que comprar a porcaria da sombrinha.

Ah, é, o show. Linda a parte do flamenco, linda a dança, os figurinos, tudo ótimo. Adorei até o sapateado (não sei como chama na versão flamenca).
Minha amiga só dançou uma música, a quinta ou sexta, e eu quase perdi, porque lá pela terceira já tinha desistido de achá-la. Mentira, nem foi. E tava lindo.
Um problema gravíssimo: entre uma e outra dança flamenca, tinha uma dancinha do ventre. Sangue do cordeiro, como eu odeio dança do ventre! Enumeração de motivos:
- Banalização de um ritual sagrado de fertilidade
- Ventres demais à mostra
- Ventres obesos e balançantes que me dão medo
- Raríssimas pessoas que dançam bem
Ou, os barrigões que vi lá me assustaram. Tá, não sou nenhum exemplo, mas a minha pança fica bem guardadinha. Se eu dançasse um negócio desses, não ia comer nada, nunca.
A única mulher que dançou a dança do ventre legal, descobri depois que era a professora. Teve umas lá que estavam dançando pagode, tenho certeza (tem um amigo meu que fala que isso chamar pagode é uma blasfêmia, devia chamar paDevil). Horroroso demais. Fora que dava pra ver que não foi ensaiado direito.
Passava mal rindo das meninas. Tivemos que criar apelidinhos carinhosos pra todas, só pra facilitar a comunicação: falar “a de rosa”, “a da esquerda”, tava ficando complicado, então batizamos algumas, como a Jose(lita), a Rogéria (sim, aquela transformista) e a Mad (gente, igualzinha ao mascote da revista Mad, lembra? Creimdeuspai!) Teve uma dança que o figurino delas parecia camisola, ninguém merece. Eu ria tanto que fiquei preocupada em desconcentrar as meninas do palco. Perguntei: “Será que dá pra elas verem a gente rachando os bicos aqui?” Estávamos numa das primeiras fileiras, né. Resposta: “Não, não dá não, não dá pra enxergar nada”. Música seguinte era a da minha amiga e ela piscou pra gente lá do palco. Putaqueopariu.

Deixe eu ver o que mais... tudo em que estou descendo a ripa é da dança do ventre, tá, não tenho nada pra falar mal do flamenco, e não é só porque a Ana tava dançando, tava legal mesmo. Excelente.
Ah, coisas:
- Nunca mais reclamo que falta homem na dança de salão. Nussa, umas 40 mulheres e um único homem! E que dança bastante afetado, por sinal. Sei o que vocês estão pensando: não, ele não é gay, já procurei saber:)
- Nó, dança flamenca parece ser um excelente exercício pras pernas, especialmente joelhos e pés
- A bateção de palmas que o povo (inclusive a platéia) arruma deve ser bom pra alguma coisa também, mas me recusei a ajudar. Preguiça...
- O povo é ninja demais, eu quase dou um nó nas minhas pernas tentando fazer atrás e à frente e as meninas dançam e sapateiam segurando saia, leque e castanhola. E ainda riem!
- Tiveram uns gritos legais durante o espetáculo, tanto dos dançarinos como de alguns da platéia, coisas como “Olé!” e “Arriba!”. Claaaaro que ajudamos ao nosso modo, berrando “Carai!” e afins.

No fim da noite, fomos comer algo light, devido ao adiantado da hora: um rodizinho de massas, só. Os refris e as sobremesas foram conseqüência.
Saindo do restaurante, recebi a mensagem mais fofa ever. Não dá pra descrever aqui agora, ta ficando muito grande esse post...
Na hora de ir embora, Ana foi me levar em casa e eu, é, não sabia o caminho. Não soube que explicação dar para o lapso:
( ) Mudei praqui há pouco tempo
( ) Só venho pra casa de ônibus
( ) Estou sempre lendo ou dormindo enquanto estou no ônibus
(X) Sou retardada
Viu, não precisa de ninguém queimar o meu filme, eu sou auto-suficiente nesse aspecto.

3 comentários:

Adriana Rodrigues disse...

Só pra constar, eu topo o amigo-oculto-blogueiro.

Luana Mello disse...

Olá Ira,

Sou bailarina de Dança do Ventre e encontrei seu post enquanto pesquisava sobre DV na net. Aproveitei para falar sobre ele no meu blog, coloquei seu link lá. Dê uma olhada e me diga o que acha. Foi muito útil!

Beijos,

Luana Mello

www.luanamello.com.br

Janaína disse...

Luana, obrigada pela visita e pelo comentário. Respondi lá no seu blog. A quem puder interessar, tá lá no http://luanamello.blogspot.com/2008/03/viso-do-pblico-leigo.html

Um abraço